sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Lágrima de despedida



Escorreu uma lágrima
Eram lembranças da batalha árdua
Ela percorreu o meu rosto
Limpando o resto
Lágrimas do oposto
Cicatriz em manifesto
Molhou minha boca
Que foi calada
Lágrima pouca
Mas salgada
Remédio da ferida
Ardendo inteira
Curei o que um dia foi carne viva
Não, não me fiz de vítima
Digna
Limpei seu rastro
Com essas mãos benditas
Benzidas pela poesia.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Minhas dores do mundo



Eu estou onde estão os aflitos
Os calejados
Sofridos
Eu quero levar paz aos cansados
Vítimas sociais
Marginalizados
Eu sou a mulher que quer liberdade
Sou o menino iletrado
Sou o aposentado que quer virilidade
Sou o homossexual que quer amar livre
Sou o corte antes das cicatrizes
Minhas lágrimas são de sangue
E meu sangue são só lágrimas
Não me acostumo com o injusto
Sou a justiça pasma.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Máscaras



Felicidades aparentes
Elas sorriem com os lábios
Mas tem os olhos opacos
Covinha na bochecha
Cova aberta no peito
São amores que não foram enterrados
São saudades que não tem jeito
Quando se fecham as cortinhas
Elas tiram suas máscaras
Voltam-se para si de mãos atadas
Atrizes da vida
Camarins de angústia reprimida
Elas lutam contra suas dores
Sobram-lhes raiva
Por vezes deles
Por vezes de si
Solidão no sentir
Humilhando-se para o tempo
Elas já não são mais atrizes
São espectadoras tediosas
Do seu próprio sofrimento.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Poema-oração



Pai, tenha compaixão
Pelos que vivem em negação
Pelos que guardam seu sexo à clandestinidade
Sendo e fazendo vítimas de suas próprias calamidades
Sem conseguirem ser inteiros
Meeiros de si mesmos

Tenha compaixão
Pelos autocentrados
De olhar mesquinhado
Desprovidos de gratidão
Envergonhados em sofrer
Pois não há quem mereça
Não se pode perder

Tenha compaixão
Dos covardes
Que tem medo dos seus próprios conflitos
E pavor da opinião alheia
Fugitivos em serviço
Do preconceituoso
Pois no céu aberto de sua boca
Corre esgoto
Pai, clareia.

Tenha compaixão
Diante do que ouço
Vindo dos que não sabem
Que a certeza é pouco
E as verdades são milhares

Tenha compaixão
Dos que possuem moral estreita
E julgamento largo
Cegos por suas ceitas
Degustando seu próprio amargo

Pai, recebe esse poema-oração
Pois nesse mundo tosco
Quero a companhia dos loucos
E distancia dos sãos.