segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tara




São dos teus pelos que eu gosto
Pelos caminhos que me levam
Caminho da felicidade

São nos teus peitos que me enrosco
Fazendo nós com os dedinhos
Que me atam
Enraizados em virilidade

É desse teu perfume que quero me impregnar
No teu suor borrifado
Com a língua em teu corpo me envenenar
Embriagada por essa seiva de macho

Nessa barba não desenhada
Mora uma boca que me encara
Morde a minha amordaça
Calada pela sua tara

Essa mão desajeitada
Que alisa, prende, puxa, não para
Como num passe de mágica
Põe-me nua, roupa desatada
Envolvendo minha cintura, eu só penso: Não para.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Garota do tempo



Todas as maravilhas estavam ali
Podia-se sentir o verão
O sol nascia em seu colo e eu nunca o vi dormir
Seu corpo em combustão
Fez folhas secas de outono
Alheios e ocultos desejos sem porvir
Olhos de gracioso porre
Destino ou sorte
Nem dona, nem dono

Seu inverno era para si
Despertava a inveja dos olhares que a queriam despir
Ela deslizava a mão sobre sua própria nudez
Exercitava criativa libido
Transava consigo
Cartógrafa de corpo
Mapeava o seu prazer
Adorava se ter
E, por isso, tinha a todos

Eram primaveras suas paixões
Floridas floreadas

Bem-me-queres e mal-me-queres
Para cada pétala, mil lágrimas
Estação mal definida
Imprecisa data
Notório apenas o seu fim
Pelas folhas secas que deixava
Pelos nãos sufocados de sim

Seu sentir sazonal
Transformava-a no centro de sua própria translação
O tempo dela era autoral
Dependia da estação.