segunda-feira, 7 de abril de 2014

Garota do tempo



Todas as maravilhas estavam ali
Podia-se sentir o verão
O sol nascia em seu colo e eu nunca o vi dormir
Seu corpo em combustão
Fez folhas secas de outono
Alheios e ocultos desejos sem porvir
Olhos de gracioso porre
Destino ou sorte
Nem dona, nem dono

Seu inverno era para si
Despertava a inveja dos olhares que a queriam despir
Ela deslizava a mão sobre sua própria nudez
Exercitava criativa libido
Transava consigo
Cartógrafa de corpo
Mapeava o seu prazer
Adorava se ter
E, por isso, tinha a todos

Eram primaveras suas paixões
Floridas floreadas

Bem-me-queres e mal-me-queres
Para cada pétala, mil lágrimas
Estação mal definida
Imprecisa data
Notório apenas o seu fim
Pelas folhas secas que deixava
Pelos nãos sufocados de sim

Seu sentir sazonal
Transformava-a no centro de sua própria translação
O tempo dela era autoral
Dependia da estação.

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